segunda-feira, 13 de maio de 2013

ATÉ QUANDO?

Convido todos a refletir esta nossa condição. A sociedade possui em ultima instancia um método de manutenção do sistema. De forma natural os indivíduos se impõem pela superioridade física, numérica ou armada. São séculos de praticas covardes, que alternam sua forma de se apresentar  ao longo dos tempos.  Do chefe troglodita a guarda imperial, da policia política a milícia bandida. Gangs, máfias, pitboys, maníacos, bandos de pivetes, motoristas inconsequentes, assaltantes a mão armada etc.  Eles estão todos a sua volta. Agindo legitimados pela natural lei do mais forte, que em sociedade moderna tornou-se a artificial  “ lei da covardia”.


O grande ideal em sociedade é a superação da opressão do homem pelo homem. É criar uma nova sociedade baseada em cooperação. Por mais que a sociedade se esforce por atingir este ideal, sabemos que é uma meta ainda muito distante e mesmo assim não podemos afirmar com certeza que estamos realmente progredindo, visto que  o que temos hoje são relações baseados em alienação, individualismo e consumismo, coisas distantes do ideal de cooperação que se baseia na consciência da interdependência mutua, que cria e consolida os laços fraternais.
           Na forma tradicional de entender a opressão, acabamos por priorizar a força do poder econômico, como a grande força opressora no mundo. Mas a verdade é que o poder econômico por si só, não é capaz de manter o atual sistema perverso. Este poder ainda precisa se converter em violência covarde, para intimidar os mais resistentes e ao mesmo tempo deixar um alerta aos demais que pensem desafiar o sistema, seria infinitamente mais simples se apenas tivéssemos que resistir a sedução do dinheiro. 
         A violência pura é algo para se evitar, trás dor e sofrimento, mas a violência sem o ingrediente da covardia, não se presta a manutenção do esquema de opressão. A opressão necessita da intimidação do terror, que só a violência covarde pode proporcionar. A violência sem covardia é o duelo do passado, o esporte violento de hoje, que muito dificilmente invade a vida do indivíduo pacífico.
           A pratica da opressão pela covardia, claro, já foi muito mais explicita em tempos passados e o homem imaginou que a sociedade moderna iria erradicá-la quase que por completo. Mas o tempo foi passando e a violencia covarde continua mais viva do que nunca nos tempos atuais. Hoje os indivíduos com mais dificuldades ou com mais resistência a se enquadrar ao sistema são lançados em regiões periféricas e expostos a violência covarde ou vitimados de forma direta por agentes do sistema , renovando o ciclo de intimidação e acirrando a competição desesperada por ascensão social, eternizando o atual esquema perverso.
           A CULTURA DA NÃO COVARDIA nasce justamente desta constatação e sugere um olhar mais atento sobre esse fenômeno. Acredita na indução de uma cultura que repudie fortemente a violência covarde e a reconheça como: O instrumento máximo dos perversos ,que serve exclusivamente ao mal. 
           Por não exigir do homem nada, além de que assuma de fato, uma postura de verdadeira coragem, reconhecendo suas fraquezas e imperfeições, mais sem por isso, abrir mão de sua hombridade no cotidiano da vida. A Cultura da não covardia vislumbra por esse caminho, uma alternativa que possa nos conduzir a um mundo qualitativamente muito superior. Dentro de um prazo perceptível de tempo a medida que os indivíduos propensos a viver da exploração do outro e seus cúmplices, os falsos valentes, que só se lançam contra os mais fracos, fiquem sem seu trunfo, a violência covarde, inibidos nos seus atos por relações mais francas, onde cada iniciativa pessoal, vai exigir mais de verdadeira coragem e de verdadeiro compromisso diante do outro.
           O constrangedor reconhecimento de que a covardia é o maior ingrediente na construção da nossa atual modelo de civilização, pode ser algo original, mas a proposta da CULTURA DA NÃO COVARDIA é o resgate de um antigo ideal humano, a hombridade.  Iludido, pensando já estar próximo de alcançar um alto grau de civilidade,  onde indivíduos frágeis de modos refinados e delicados viveriam uma vida contemplativa liberta de toda forma de agressividade, o homem negligenciou sua hombridade, o que acabou criando um terreno ainda mais fértil para os covardes violentos. A evidencia disto, é perceber que nossas instituições, ditas modernas e democráticas, ainda conservam, quando não aumentam, seus esquemas mafiosos e não se enganem mafia é mafia, quando não vai pela corrupção vai vela violência covarde. A sofisticação dos modernos e disseminados esquemas mafiosos, criam um ar de normalidade, mas quando ameaçados em seus negócios e interesses, não tendo alternativa, libertam sua natureza covarde. Uma sociedade que se pretende verdadeiramente moderna não pode viver eternamente da condenação dos justos e do martírio dos heróis, é como se estivéssemos a milhares de anos trabalhando pela extinção do Homem de valor e premiando os covardes. Até quando? 

6 comentários:

  1. Caro Gabriel. No seu ponto de vista, o que precede a covardia? Bem, supondo que esta resulte do medo de encarar certas situações, da preguiça de trilhar o caminho mais longo, relacionando-se ao apego do poder, dos prazeres e/ou do dinheiro, poderíamos afirmar que esse comportamento seja um erro. Um erro porque mascara e não resolve. Um erro porque o corredor que trapaceia é considerado o primeiro do pódio mas ele bem sabe que, por seu próprio esforço, não é capaz de vencer os demais e de levar o prêmio. Aí certamente que o auto-conhecimento seria a solução, mas as pessoas ainda são seduzidas pelo auto-engano. E, se esta é a realidade, tendo em vista o livre arbítrio dos outros e que se configuraria também covardia de nossa parte interferir nas escolhas existenciais alheias, resta-nos apenas proclamar as boas novas da paz na expectativa de que as sementes caiam num bom solo onde produza a cento por um enquanto as que ficarem pela beira do caminho serão mesmo comidas pelas aves. Mas creia! É chegado o Reino de Deus! Abraços fraternos.

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  2. Prezado Rodrigo, sempre grato por sua especial e valiosa participação. Como sempre trazendo palavras de crescimento de uma ordem que reconheço superior ao que proponho aqui.
    Minhas palavras são de uma outra ordem, de um estagio inferior as suas palavras, mas que tem sua importância na esfera das relações sociais. O que pretendo aqui não é nada alem de, propor um acordo entre os Homens de nossa coletividade, o acordo simples, de um viver repudiando a covardia, pela certeza de que isso pode contribuir com um existir mais verdadeiro e somar a tentativa de nos apresentarmos mais dignos ao tão aguardado momento de encontro com Jesus.
    Um grande abraço! E continue firme em sua missão que desempenha com grande valor.

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  3. Ola Gabriel, confesso que ha tempo nao confiro o blog da nao-covardia. Como ja disse em outra ocasiao, o modo como expressa a sua filosofia eh quase como a repeticao de um mantra, uma repeticao do principio da filosofia. Talvez o modo como possa trabalhar por seu ideal de existencia. Nao estou criticando, estou apenas justificando a minha visitacao, bem esporadica.
    Porem, eis que me deparo com esse novo texto, nao digo que nao seja o mantra ainda, mas que trouxe um estagio outro, uma contraposicao mais explicita entre violencia e covardia. Este me pareca ser uma questao muito valida para o assimilacao e entendimento da doutrina, um ponto bastante problematica e fertil!
    Perseveranca e tocar pra frentre!

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    1. Amigo anonimo, de fato o conteúdo deste blog se torna repetitivo pois é o blog de divulgação de uma unica ideia e existe essa necessidade de manutenção da atividade do espaço.
      O que me motiva é a crença em sua validade e por não ter visto ainda as coisas serem colocadas por essa ótica. Alem da forte impressão de que é algo de grande valor, tem também a questão de alerta contra os oscilatórios movimentos de imposição de valores e ideais através de métodos covardes . De forma que ainda estarei por aqui, entoando esse mantra, induzindo que muitos possam começar a vibrar nesta mesma frequência, produzindo uma onda em contrario, que possa ir neutralizando os efeitos nefastos da covardia em nossa coletividade.
      Um abração.

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  4. muito bom seu texto, Gabriel.

    A humanidade evolui eticamente a passos de tartaruga. Somos animais com o instinto da violência ainda bem latente em nós. Somos todos violentos, mesmo que não pratiquemos violência explícita. Não sei se a humanidade vai chegar num patamar de cooperação e tolerância que promovam a tão sonhada "cultura da paz", mas muitos tem feito boas iniciativas nesse aspecto. Nem tudo está perdido.

    abraços

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    1. Eduardo, se você considera que a humanidade vem evoluindo, mesmo que muito lentamente, isso é motivo de alegria. Mas as vezes é difícil perceber essa evolução. Eu em minha "ideia fixa" apontaria um método de
      aferição de evolução social, o grau de covardia em seu meio. Seria necessário uma pesquisa especificamente neste sentido, para se ter essa noção de evolução ou retrocesso. Infelizmente o nosso querido Brasil não estaria bem num ranking deste tipo. Temos que levar também em consideração que uma covardia nos dias de hoje tem um peso maior do que em épocas mais remotas, afinal já vivemos a muito tempo em um estado democrático de direito e barbárie persiste com força.
      A paz é o estado desejado, mas é um estado que precisa ser alcançado e mantido. A cultura da não covardia seria a pratica no sentido de buscar e manter esse estado de paz.
      um grade abraço.

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A covardia tá comendo. Que bom que você vai comentar!