SOBRE

     Convido todos a refletir esta nossa condição. A sociedade possui em ultima instancia um método de manutenção do sistema. De forma natural os indivíduos se impõem pela superioridade física, numérica ou armada. São séculos de práticas covardes, que alternam sua forma de se apresentar  ao longo dos tempos.  Do chefe troglodita a guarda imperial, da policia política a milícia bandida. Gangs, máfias, pitboys, maníacos, bandos de pivetes, motoristas inconsequentes, assaltantes a mão armada etc.  Eles estão todos a sua volta. Agindo legitimados pela natural lei do mais forte, que em sociedade moderna tornou-se a artificial  “ lei da covardia”.


O grande ideal em sociedade é a superação da opressão do homem pelo homem. É criar uma nova sociedade baseada em cooperação. Por mais que a sociedade se esforce por atingir este ideal, sabemos que é uma meta ainda muito distante e mesmo assim não podemos afirmar com certeza que estamos realmente progredindo, visto que  o que temos hoje são relações baseados em alienação, individualismo e consumismo, coisas distantes do ideal de cooperação que se baseia na consciência da interdependência mutua, que cria e consolida os laços fraternais.
           Na forma tradicional de entender a opressão, acabamos por priorizar a força do poder econômico, como a grande força opressora no mundo. Mas a verdade é que o poder econômico por si só, não é capaz de manter o atual sistema perverso. Este poder ainda precisa se converter em violência covarde, para intimidar os mais resistentes e ao mesmo tempo deixar um alerta aos demais que pensem desafiar o sistema. Seria infinitamente mais simples se apenas tivéssemos que resistir a sedução do dinheiro. 
         A violência pura é algo para se evitar, trás dor e sofrimento, mas a violência sem o ingrediente da covardia, não se presta a manutenção do esquema de opressão. A opressão necessita da intimidação do terror, que só a violência covarde pode proporcionar. A violência sem covardia é o duelo do passado, o esporte violento de hoje, que muito dificilmente invade a vida do indivíduo pacífico.
           A pratica da opressão pela covardia, claro, já foi muito mais explicita em tempos passados e o homem imaginou que a sociedade moderna iria erradicá-la quase que por completo. Mas o tempo foi passando e a violencia covarde continua mais viva do que nunca nos tempos atuais. Hoje os indivíduos com mais dificuldades ou com mais resistência a se enquadrar ao sistema são lançados em regiões periféricas e expostos a violência covarde ou vitimados de forma direta por agentes do sistema , renovando o ciclo de intimidação e acirrando a competição desesperada por ascensão social, eternizando o atual esquema perverso.
           A CULTURA DA NÃO COVARDIA nasce justamente desta constatação e sugere um olhar mais atento sobre esse fenômeno. Acredita na indução de uma cultura que repudie fortemente a violência covarde e a reconheça como: O instrumento máximo dos perversos ,que serve exclusivamente ao mal. 
           Por não exigir do homem nada além de que, assuma de fato uma postura de verdadeira coragem, reconhecendo suas fraquezas e imperfeições, mas sem por isso, abrir mão de sua hombridade no cotidiano da vida. A Cultura da não covardia vislumbra por esse caminho, uma alternativa que possa nos conduzir a um mundo qualitativamente muito superior. Dentro de um prazo perceptível de tempo, a medida que os indivíduos propensos a viver da exploração do outro e seus cúmplices, os falsos valentes que só se lançam contra os mais fracos, fiquem sem seu trunfo, a violência covarde, inibidos nos seus atos por relações mais francas, onde cada iniciativa pessoal, vai exigir mais de verdadeira coragem e de verdadeiro compromisso diante do outro.
           O constrangedor reconhecimento de que a covardia é o maior ingrediente na construção da nossa atual modelo de civilização, pode ser algo original, mas a proposta da CULTURA DA NÃO COVARDIA é o resgate de um antigo ideal humano, a hombridade.  Iludido, pensando já estar próximo de alcançar um alto grau de civilidade,  onde indivíduos frágeis de modos refinados e delicados viveriam uma vida contemplativa liberta de toda forma de agressividade, o homem negligenciou sua hombridade, o que acabou criando um terreno ainda mais fértil para os covardes violentos. A evidencia disto, é perceber que nossas instituições, ditas modernas e democráticas, ainda conservam, quando não aumentam, seus esquemas mafiosos e não se enganem, mafia é mafia, quando não vai pela corrupção vai vela violência covarde. A sofisticação dos modernos e disseminados esquemas mafiosos, criam um ar de normalidade, mas quando ameaçados em seus negócios e interesses, não tendo alternativa, libertam sua natureza covarde. Uma sociedade que se pretende verdadeiramente moderna não pode viver eternamente da condenação dos justos e do martírio dos heróis, é como se estivéssemos a milhares de anos trabalhando pela extinção do Homem de valor e premiando os covardes. 
             Até quando? 

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